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A harmonia da vida se mantém ao som da música, do barulho da chuva na
hora de dormir, dos pássaros cantando numa bela manhã, ou até mesmo das
buzinas que tornam o trânsito caótico nas grandes cidades. Então, de fato,
vivemos cercados de partituras que podem influenciar positivamente
ou negativamente em nossa vida. Para os ritmos externos que desarmonizam e
aos quais não controlamos, existem terapias que tiram partido de acordes
agradáveis e nos proporcionam bem-estar através do tratamento das dores, no
alívio do estresse e da ansiedade, além de reestabelecer o equilíbrio do
sistema endócrino.
A terapia conhecida como musicoterapia é baseada na utilização da
música ou de seus elementos constituintes, ritmo, melodia e harmonia,
aplicada por musicoterapeuta qualificado, a um paciente ou grupo, em processo
destinado a facilitar e promover a comunicação, o relacionamento o
aprendizado, a mobilização, a expressão, a organização e outros objetivos
terapêuticos relevantes, a fim de atender às necessidades físicas,
emocionais, mentais, sociais e cognitivas.
É sabido que melodias agradáveis induzem a liberação de substâncias
corporais que causam sensações de prazer e bem-estar. Recentemente foi
descoberto por um grupo de neurocientistas da Universidade de Helsinki na
Finlândia, que até mesmo vítimas de derrames cerebrais podem ser beneficiadas
com o uso de melodias. Constataram que o tratamento ativava várias áreas do
cérebro simultaneamente, até mesmo aquelas danificadas pelo derrame,
acelerando o processo de recuperação.
A descoberta aconteceu através de um experimento relativamente
simples. Cerca de 60 pacientes que haviam tido derrame foram separados em
três grupos. O primeiro foi orientado a escutar música, o segundo a escutar
livros gravados em fitas e o terceiro recebeu apenas o tratamento comum.
Depois de três meses de avaliação os especialistas perceberam que a memória
verbal do grupo que escutou música melhorou em até 60%. Já os que escutaram
livros melhoraram entre 18% e 29% em relação aos que faziam o tratamento
tradicional. Com estes resultados comprovou-se que o uso da música no
tratamento das sequelas do derrame pode ajudar na recuperação do paciente,
inclusive prevenindo a depressão.
Pesquisas
também revelam que pacientes com dores crônicas tratados com melodias tiveram
redução de 21% nas suas dores se comparados aos pacientes que não ouviam
música, pois ela atua como analgésico na recuperação pós-cirúrgica. Sendo
considerada como uma das maiores aplicações de sucesso reconhecidas no
tratamento da dor crônica e do stress pós-traumático. Enfim, a música pode
afetar diretamente as emoções e o comportamento, como: melhora do humor e do
sono, ajuda a motivação e a autoconfiança; diminui a ansiedade; combate a
tensão, a fadiga e estresse.
Desde os tempos
antigos...
Na história, é possível ver a música
como uma ferramenta para promover saúde e bem-estar. Nas culturas antigas a
flauta era usada para atenuar a dor ciática e a gota. Na Bíblia, o Velho
Testamento revela que quando Davi tocava sua harpa, a depressão/perturbação
do rei Saul desaparecia. Além dos exemplos históricos, estudos dão sustância
à ideia de que o som pode ser um poderoso aliado. O físico alemão Ernst
Chladni, provou em 1789, que submetidos às ondas acústicas de um arco de
violino, grãos de areia formavam imagens harmônicas ou caóticas, dependendo
da altura da nota a que eram submetidos. Já o médico, físico e músico alemão
Hans Jenny, fez uma experiência parecida em 1960. Ele fotografou tipos de pó,
semissólidos (como mercúrio) e líquidos sob a influência de sons distintos.
As mesmas imagens – geométricas e cheias de beleza ou feias e assimétricas –
apareceram, dependendo, entre outros fatores, da frequência do som emitido.
Também há registros da utilização da
música para fins medicinais em várias épocas da História por diversos povos.
Na Segunda Guerra Mundial atuou como forma de promoção de saúde, quando
médicos e enfermeiros observaram a eficácia terapêutica da música na
recuperação dos soldados.
As experiências práticas se desenvolveram em fundamentações
científicas e com o passar dos anos o conhecimento foi se especializando no
mundo todo. No Brasil, os estudos acadêmicos em musicoterapia começaram em
1971 e evoluíram junto à prática clínica nas últimas décadas. Veja também no www.revistabemmais.com.br.
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15/11/2013
Remédio musical
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