Foto: Divulgação
O
livro “1889” de Laurentino Gomes é o terceiro volume sobre a história da
Proclamação da República no Brasil, país que por 67 anos, se manteve como a
única Monarquia duradoura nas Américas, mas que tratava-se de um regime
condenado pelas suas próprias contradições.
O
imperador Pedro II, um intelectual respeitado, foi quem governou o país
dominado pela escravidão, pelo analfabetismo e pelo latifúndio. Com isso, o
império brasileiro se caracterizou por um sistema de troca, onde fazendeiros e
senhores de escravos apoiavam o governo e, em troca, recebiam títulos de
nobreza não hereditários.
Dai
surgiu a República, em 15 de novembro, tendo os militares como protagonistas e
senhores absolutos da mudança de regime, igualmente marcada por contradições
tanto quanto a Monarquia que a precedeu. Os republicanos defendiam, entre
muitas promessas, a ampliação do voto popular e a garantia de liberdade.
E o
império brasileiro tido como o mais duradouro desabou. O admirado Pedro II fora
obrigado a sair do país. Vivia agora exilado na Europa, banido para sempre do
solo em que nascera. Enquanto isso, o país passava por grandes dificuldades
como fuzilamentos e sucessivas matanças no momento de implantar o regime, além das
guerras civis que mantinha vivo um medo antigo, o da fragmentação territorial o
que levaria o que foi império fracionado em repúblicas independentes.
O
caos dos primeiros anos da República foi tão grande que fez crescer entre a
elite civil a constatação de que era preciso afastar os militares da política o
mais rapidamente possível como escreveria o baiano Rui Barbosa “O militarismo,
governo da espada pela espada, arruína as instituições militares”.
No
fundo, o novo sistema era muito semelhante ao dos velhos tempos da Monarquia.
Em vez de um imperador vitalício, governava o país um presidente da República
eleito ou reeleito a cada quatro anos, mas a diferença era apenas nominal e de
aparência. Onde agentes mudavam de nome, mas os papéis permaneciam os mesmos
como no sistema antigo inaugurado ainda por dom João na chegada da corte
portuguesa ao Brasil, mediante a troca de privilégios nos negócios públicos por
apoio ao governo. Na prática, a República brasileira, para se viabilizar, teve
que vestir a máscara da Monarquia.
E
conforme observou Raymundo Faoro, “A República, depois de dez anos de tropeços,
descarta-se, como o Império(...), do mais sedicioso e anárquico de seus
componentes: o povo”.
Foi
através da campanha de Diretas, que o povo conseguiu por fim a duas décadas de
regime militar, e a partir daí, abriu o caminho para que a República pudesse,
finalmente, incorporar o povo na construção de seu futuro. Fato, que o autor e
jornalista Laurentino Gomes, finaliza dizendo ser o desafio que brasileiros se
encarregam atualmente.
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