02/02/2015

Grandes olhos

Mulheres com a capacidade limitada a uma posição de apoio é um dos temas na trama

Foto: Divulgação

O filme com direção de Tim Burton, conta a história real de Margaret Ulbrich por trás de Grandes Olhos. Onde a expressão “Atrás de um grande homem sempre existe uma grande mulher” é considerada ofensa disfarçada de elogio. Um lembrete de que, por séculos, a maioria das mulheres viu sua capacidade limitada a uma posição de apoio. Eram filhas, esposas e mães, mas nunca elas mesmas.
Margaret Ulbrich é uma pintora insegura e mãe solteira, até descobrir o carismático Walter Keane e se casar com ele. Margaret cria obras populares de crianças com grandes olhos, mas Walter passa a assumir publicamente autoria de seus retratos, e assim transformou a arte em um império, sendo um dos primeiros a comercializar pinturas como produtos licenciados.
Segundo a crítica, a trama sem excessos, mostra como pinturas a desolação de Margaret ao deixar o primeiro marido, sua chegada na ensolarada San Francisco e seu isolamento durante a farsa Walter. Amy Adams é considerada pela crítica como outro ponto forte do longa. Sua presença frágil, mas firme, mostra o misto de determinação e insegurança da sua personagem. Dai Margaret ter concordado em ficar às sombras por tanto tempo. A mentira e a falta de reconhecimento a consumiam, mas o dinheiro do império Keane garantia o conforto da filha e ela sabia que seus “grandes olhos” não teriam saído das feiras da Califórnia sem a capacidade de vendas do marido.
Já a atuação de Christoph Waltz foi vista com certo exagero na encenação de Walter Keane, como se o ator estivesse emulando Gene Kelly em Sinfonia em Paris (1951) para retratar as aspirações artísticas e a elegância do seu personagem. Sendo assim, o resultado é caricato demais. Seu Walter, que sonhava em ser reconhecido por seu talento, mas era incapaz de criar qualquer coisa, se torna facilmente patético e não vilanesco no seu caminho para a glória às custas de Margaret. Entretanto, essa faceta constrangedora, funciona bem nas interações com os críticos de arte. O nome Keane podia ser um sucesso de vendas e estampar cartões-postais e mesas de centro, mas não podia ser kitsch( produto da industrialização e da cultura de massa, típico da classe média). O filme já está disponível nos principais cinemas.


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