26/01/2015

A onda agora é crianças mandando nos pais

Os pequeninos ganharam o mando nas famílias e os pais se submeteram a elas

Falta de limite prejudica o desenvolvimento da criança/ Foto: Divulgação

Quem de vocês nunca presenciou uma cena onde uma criança se joga no chão do supermercado, ou mesmo em outro local público exigindo que sua vontade seja feita. Em casa, é ela quem determina o fazer e para onde ir. Aí de quem dizer o contrário do que o pequenino quer.
De acordo com especialistas, fatos como este acontecem porque muitos pais acreditam que uma criação muito restritiva como a meio século anterior, impede o desabrochar das potencialidades da criança. E a partir daí passa a fazer todas as suas vontades, principalmente quando a criança faz birra. Entretanto a psicóloga Ceres Araujo, especializada em psicoterapia de crianças e adolescentes explicou para o portal uol.com.br, que com isso o “não” foi abolido como execrável, passando a ser proibido e dando o domínio para os pequeninos. As crianças ganharam o mando nas famílias e os pais se submeteram a elas, possivelmente acreditando que assim iriam formar pessoas com “personalidade forte” e criativas.
 Isso segundo a especialista é um Ledo engano, a história provou o contrário. Crianças que foram criadas sem limites, não adquiriram o controle necessário sobre seus impulsos, não aprenderam a entreter tensão interna, a tolerar esperas e não foram ensinadas a lidar com frustração. Como resultante, crianças criadas dessa forma tiveram prejuízos na capacidade para elaboração mental e prejuízos também no fortalecimento do ego. Não atualizaram portanto seus potenciais para o desenvolvimento, ao contrário, os desperdiçaram.
A especialista defende que as crianças que viveram sem os “nãos”, buscaram sempre o prazer imediato e se acostumaram a exigir a satisfação pronta de suas necessidades e desejos. Não aprenderam a levar as necessidades e desejos do outro em consideração, pois, centradas em si mesmas e egoístas, tornaram seus pais reféns de suas exigências. Assim os pais, modelos primários de identidade, foram desvalorizados e despontencializados. Elas se acreditaram superpoderosas e donas do mundo. Assustadoras, por sua postura arrogante e agressiva, internamente se constituíram como fracas e assustadiças, pois não tinham quem as protegessem até delas mesmas.
Para impedir que essa onda pegue, a psicóloga disse que não existem fórmulas precisas,  apenas indicadores para um desenvolvimento saudável. Cada criança nasce dotada de uma carga genética que interage com o meio no qual ela se insere. O cérebro se estrutura e se desenvolve em função das relações interpessoais da pessoa desde o início de sua vida. Sabe-se que as redes neuronais se formam em função das redes de significado a partir das relações da criança com as pessoas que lhe são importantes.
Para se tornar um ser civilizado, a criança precisa aprender a controlar sua impulsividade e a regular suas emoções. E para isso necessita de regras, normas, valores e princípios que possam nortear sua conduta. Decorre daí a importância dos pais como educadores de verdade. Pais mandam e filhos obedecem – é um saber popular que faz sentido. Na adolescência, pais mandam e filhos argumentam, pois ganham o direito a réplicas e tréplicas e, assim, aprendem o poder e o valor de uma negociação válida, aprendizado que eles mantêm para o resto de suas vidas.
Filhos podem e devem ser mimados. Mimo nunca estragou ninguém, pelo contrário constitui um fator fundamental para a constituição da autoestima, por garantir a sensação de ser amado. Mas, os mimos precisam ser associados aos limites, às interdições e às demandas, proporcionais às diferentes idades. Pois é função dos pais criarem pessoas que respeitem os outros e que se façam ser respeitadas, condições básicas para relações afetivas felizes e para êxito profissional na vida adulta. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Powered By Blogger